segunda-feira, 24 de agosto de 2009

[doçura sonora: nara leão]

contaminaste as lembranças dessa cidade. já disse não seria capaz de continuar nessa cidade se não a tivesse? exatamente essa coisinha, essa coisa toda minha, que ninguem mais pode ser. lembro do aconchego inerente aos nossos braços, como um ninho, naquelas milhares de horas que passavamos atrás exatamente disso que estamos à fugir agora. éramos mais importantes que qualquer outra coisa, e quando as incertezas do passado próximo que nos cruzava pelas mesmas portas ou avenidas invadiam a harmonia da nossa propria esperançosa incerteza, tal imersão apenas permitia perceber o quanto éramos agora, mais importantes. não há amor sozinho, é juntinho que ele fica bom. não há tempo pra nada afinal, não sei, sinto que temos mesmo todo o tempo do mundo. entre nós o tempo sempre foi o assunto mais interessante à ambas, as histórias do passado, a conjugação apenas nossa de um presente perfeito, e anseios de um futuro como sua extensão. era o tempo como sujeito do crescimento do nosso sentimento, e da nossa vida lá fora, às suas Letras, à inconstancia dos meus passos. traz saudade de você. foi então, que da minha infinita tristeza aconteceu você. agora, onde estamos meu amor?¹ que coisas sente no seu estomago ao me ver chegando do outro lado da rua? que coisas sente explodindo no seu peito por ter-me ao teu lado? quantas são as noites que perdes o sono, por mais nada senão pela felicidade de ter-me contigo? quantas são as vezes que me beijar lhe enche os olhos d'agua? como se sente nossa paixão que não tinha tempo, não aceitava limite do tempo que gastaria para nos consumir? como se sente sabendo que nossos dias vão sempre em contagem regressiva nos lembrado que há tempo pra voltar pra qualquer lugar se não à nós mesmas? quem no coração, abrigou a tristeza? como dizê-la agora, que há tempo pra absolutamente tudo? se não quero que ela se perca de nós, como dizer? como torná-la ainda maior longe dos olhos , dos dedos, dos sorrisos e olhares cumplices? meu amor sozinho é assim, como um jardim sem flor. além do nosso maníaco controle de nossas conjugações, os horarios que não vimos passar. as tantas horas que pareciam apenas alguns minutos, e o tanto de vezes que cheguei atrasada, seguida das tantas desculpas. como tornar menos confuso a entrega que nos pertencia? separando os pertences, à de quem mais mérito reunisse? e você sabe a razão. eu vou colecionar mais um soneto. como dizer sem que se perdesse de nós?


¹não é suficiente, que um atenda aos desejos do outro.
é indispensavel que os dois tenham desejos que sejam iguais,
no tempo e no espaço:
é hora de um pacto de reinvenção.

enquanto, a única coisa que desejo agora, é você.

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