domingo, 6 de setembro de 2009

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Tenho sentido tanta vontade de você que assusta.

Você não vem pra cá com seus resquícios de uma menina frágil.

Por quê?

Eu gostaria de lhe contar essa história, que eu invento todos os dias em minha mente,

Mas quando você chega com as memórias da menina forte, meus muros desabam para que os teus se fortaleçam. E então, minha voz, que no quarto escuro era tão presente, e preenchia todos os cantos do cômodo, agora parece tão rouca, e insuficiente.

Eu gostaria que pudesses me ver, nessa forma que agora eu tomo para que me vejas, e para que me tome em teus braços com a verocidade que deveria ser. Não há nada de errado, eu sei. Ou pelo menos não deveria haver, mas eu sinto que teu corpo não tem palpitado na mesmo sintonia que o meu. E tudo que eu tenho sentido é uma vontade, maior que mim mesma, de você e de todos os detalhezinhos que lhe mimam e que me fazem gritar de amor.E se eu pudesse de alguma forma lhe puxar pra mim, ou lhe convencer que eu sou o teu melhor caminho, você então poderia ser-me por completa,aqui.Meu coração estaria sereno, como numa tarde de sol e chuva num grande verde qualquer, de todos os tons.

O que eu faço prenda minha? O que eu faço se todos os meus detalhes só se completam com os teus? Se as minhas cores são foscas sem as tuas?O que eu faço pra lhe convencer a voar comigo por um céu azulado sem se preocupar com mais nada? O amor nunca me pareceu tão intruso, que rouba minhas roupas, e minhas palavras, e minhas lágrimas e meu corpo, deixando meu coração a pulsar veloz num piso frio de apartamento suburbano. E lá está ele, prenda minha, crescendo a cada palpite, e palpitando cada vez mais, tomando o lugar dos móveis, dos gritos, das buzinas dos carros, das ceias, das torradas.

E se quer um palpite, apenas aproxime-se desse coração, para que o vermelho já não escorra pelas paredes, e envolva-o para que já não seja só um coração, e ganhe de volta o corpo, as roupas, e os detalhezinhos.

Estes detalhezinhos. Ah, os grandes detalhezinhos!Que juntos com os detalhezinhos da prenda certa, chamam-no de amor. E é amor, eu sei que é.Que faz ser tanto em tão pouco tempo, e faz brilhar, e faz-se todo, em tudo que há.

E aí, então, já será preciso narrar, e todas as palavras serão desnecessárias.

Completa-se então, a folha em branco, e as chaves com os três pontinhos.

[...]

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